13.6.09

SOBRE A ATRAÇÃO DO PÚBLICO

O Inácio Araújo escreveu em seu blog uma crítica sobre a Mulher Invisível, o filme que caiu no gosto popular, não se sabe bem as razões. Segue:


Não dá pra encarar a "Mulher Invisível"

Do título “Mulher Invisível” o que conta é o segundo termo. Com bastante esforço cheguei a uns 40 minutos de filme e me mandei, pensando na frase antológica do Jairo Ferreira: já perdi o meu dinheiro, não vou perder meu tempo. Com 5 minutos já havia uns 30 lugares comuns em circulação.

Depois entra a Luana Piovani. Aí serviu para lembrar um velho anúncio de lâmina de barbear. Entrava uma loira platinada tipo “sedutora de terceiro grau” (ou primeiro, não lembro), como dizia Anna Karina em “Alphaville” e dizia: “Eu sou a platina de Platinum Plus. Experimente minha suavidade. E depois deixe-me se for capaz.”

Bem, o filme parece acreditar que essa história de “sedutora de terceiro grau” era a sério, que o mundo é assim mesmo, um clichê. Ou acredita que Luana Piovani é isso. Ela é dada como pessoa de mau humor. Vendo o filme eu acho que compreendo.

Parece que a gente está vendo um anúncio de sabonete, só que não dura 30 segundos. Não acaba nunca.

Não vi um plano sequer inspirado. Não tem ritmo. O roteiro é escolar. Na maior parte do tempo parece que a câmera está na distância errada.

Tudo isso aceita-se. O que me embrulha o estômago é que esses filmes argentários parecem feitos como uma fórmula para ganhar dinheiro. Não há nenhum sinal de que, antes de tudo, alguém pense: eu gostaria de elevar, por pouco que seja, os espectadores deste filme. Ao contrário: parece que a intenção é rebaixá-los, desconsiderá-los. Como se dissessem: o que importa é botar as pessoas na sala, não vale a pena fazer nada melhor.

Isso é triste de ver no cinema brasileiro, porque é pior que a TV.

Na TV, com toda a limitação de um veículo de massa, pelo menos na Globo, pelo menos na Globo do tempo em que não havia concorrência, parecia haver a preocupação de dar o melhor possível para as pessoas. Então, não dá nem para dizer “isso é televisão”. Melhor dizer: isso não é nem televisão.

A Conspiração se supera.

Inácio Araújo.




O que me chamou atenção na postagem do Inácio foi isso:

O que me embrulha o estômago é que esses filmes argentários parecem feitos como uma fórmula para ganhar dinheiro. Não há nenhum sinal de que, antes de tudo, alguém pense: eu gostaria de elevar, por pouco que seja, os espectadores deste filme. Ao contrário: parece que a intenção é rebaixá-los, desconsiderá-los. Como se dissessem: o que importa é botar as pessoas na sala, não vale a pena fazer nada melhor.



Sair nos 45, me faz lembrar A History of Violence vista no CIC em Florianópolis, quando saí com um amigo, na primeira metade do filme, o chamando de comercial de margarina.

Mas minha fé no Cláudio Torres..

Já vi muito filme que subestimava o público com receitinhas escancaradas de sucesso. Mas o que me encafufa é saber o quão cego é o publico geral. Ou é um contrato silencioso, pode ser.

Se não há incomodo quanto ao tratamento, um dia ocorrerá esse incomodo? Um dia a familiarização com a imagem vai ser tanta que um embuste será facilmente desmascarado? Quando? De que forma o público vai começar a questionar a imagem e tratá-la com menos cerimônia, ou menos fé?


Cada vez acho mais que o teatro é um lugar político e a sala de cinema se contrapõe como um lugar de espetáculo puro e simples. É isso. (momento deprê)

Ah, sobre o filme do Cronenberg, foi revisto e.. nunca mais abandono um filme de um cineasta como o David.

2.6.09

a busca pela imagem em uma descrição

"... a imagem da vila onde Tarkovsky nasceu, hoje uma área alagada, onde a única coisa que se vê é o topo de uma enorme cruz."

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