9.12.08

de um momento para o outro

fiquei febril e desconsolado.
na verdade, sem colo, sem peito, nem braço.
espero nunca mais ser eu-mesmo, porque de ter essas
coisas só-minhas já me afundei em mim.
queria rasgar a camisa e emergir num outro tempo,
que assim, fundo nesse breu de resina e choro de árvore
morta, o outro sufoca.

"não sou eu nem sou o outro, sou qualquer coisa de intermédio".

e no meio desses dois não há espaço para mim.
e no meu peito eles não cabem mais.
porque tenho os órgãos vitais e os dispensáveis.
porque tenho os pulmões-de-fumaça.
porque o coração arde e palpita
e do estômago eu grito:

2 comentários:

Anônimo disse...

.
nessa confusão dos órgãos
sem sobreviventes. é o vazio e o novo.

Anônimo disse...

é o vazio
e a espera de godot
nem a certeza do infortúnio
sem ilusões de salvação

Pedestres

andantes