24.2.10

Dia morno, parecia guardar chuva.

(...)

 Havia marcado esse almoço para uns anos atrás. Ele estaria lá me esperando. Há muito já combinamos a importância dos atrasos. E nunca discordávamos.

(...)

Ruim foi perceber que as escadas ganharam mais degraus essa manhã. Descer não seria possível, nem subir.

Sabendo o que não fazer era o que importava. Estava calma. Poderia permanecer ali o tempo necessário. Procurei não pensar numa solução, isso poderia antecipar coisas...

Pensei no grão que germinava. Foi numa manhã parecida com essa que encontrei um grão que germinava entre duas pedras. Mas o dia não estava frio como hoje. (...)

(Parecia calma. Isso importava.)

Eu poderia pedir uma mão a alguém que passasse... Com aqueles degraus, ninguém ousaria hoje por aqui. Mas se acaso aparecesse alguém poderia pedir. Jamais! Não me lembro da última vez que pedi algo a alguém. Acho que seguramente nunca pedi nada pra ninguém. E depois.. não saberia como proceder. Acho melhor não. Prefiro não fazer.

Uma rachadura muito profunda saía de dentro do meu apartamento, isso poderia ser muito perigoso. Um trem... lembrava de uma linha de trem há dois quarteirões. Queria estar lá numa manhã fria como essa. E se estiver chovendo talvez eu devesse pegar aquele guarda chuva preto, velho no maleiro. Ainda não descobri de quem é aquele guarda chuva.

Não consigo recordar meus amigos..

Preferiria uma chuva a ter que me proteger.

Tão divertido.. Saudade daquele olhar feliz, pronto pra qq aventura... Viagens sempre me despertaram.

Ver um trem partir me despertaria.

A escada ganhou alguns degraus a mais, impressão que tenho. Essa noite dormi pouco. Onde estaria o gato? (...)

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